domingo, 29 de agosto de 2010

Cientistas dão passo importante na luta contra Aids

Depois de 30 anos pesquisando drogas(1) capazes de impedir a multiplicação do HIV em organismos infectados, a ciência está mais próxima de encontrar meios de matar o vírus, o que significaria a verdadeira cura da Aids. Estudos recentes realizados com modelos animais mostram que isso é possível, por meio de mecanismos que fazem o HIV se autodestruir. Embora as pesquisas ainda estejam em estágio embrionário, elas significam um passo gigantesco, tratando-se de uma doença cujo diagnóstico era considerado um atestado de óbito há pouco mais de duas décadas.

Publicado nesta semana no periódico científico Journal of Virology, um dos estudos mais promissores conseguiu estimular a autodestruição do HIV a partir da combinação de duas drogas já aprovadas pelo FDA, órgão de regulamentação de fármacos dos Estados Unidos, utilizadas atualmente no tratamento de câncer. Esse tipo de abordagem, chamado de reposicionamento de drogas, é o mesmo do primeiro medicamento capaz de reduzir a multiplicação do HIV, lançado em 1987. Incialmente, o AZT era recomendado para pacientes com tumores malignos (veja linha do tempo).

“A vantagem em relação a se descobrir uma nova droga é que já sabemos muito sobre essas duas substâncias. Não vamos precisar repetir os estudos. O que teremos de fazer é demonstrar sua eficácia com esse novo enfoque”, explicou ao Correio a médica Christine Clouser, do Centro de Saúde da Universidade de Minnesota, uma das autoras do estudo. “Essa descoberta dá esperança para uma nova abordagem que, um dia, poderá ajudar 33 milhões de pessoas ao redor do mundo que já vivem com o HIV”, completou o virologista molecular Louis Mansky, que também participou da pesquisa.

De acordo com Mansky, as duas drogas — decitabina e gemcitabina, também aprovadas no Brasil —, quando combinadas, conseguiram eliminar a infecção por HIV em ratos, fazendo com que o vírus sofra uma mutação que o leva à morte, processo conhecido como mutagênese letal. “A habilidade do HIV de se modificar é o que faz dele um alvo difícil de se tratar. O que fizemos foi tirar vantagem desse comportamento, estimulando sua mutação, mas de forma a transformá-lo em uma arma contra ele mesmo.”

Os pesquisadores da Universidade de Minnesota afirmam que essa é a primeira vez que foi possível atacar o vírus até a morte, sem causar efeitos tóxicos. Como ambas as substâncias já têm aprovação do FDA, eles acreditam que, se os efeitos positivos forem verificados em animais de maior porte, será muito mais fácil desenvolver o medicamento para uso humano. “A primeira coisa que precisamos fazer é descobrir como combinar as duas drogas em forma de pílula, porque, na pesquisa, utilizamos as substâncias injetáveis”, conta Christine Clouser. Depois disso, eles terão de verificar se, em modelos mais complexos que os ratos, as duas drogas combinadas não serão tóxicas ao organismo.

O estudo de Clouser e Mansky vai ao encontro de outra pesquisa divulgada recentemente na revista especializada Aids Research and Therapy . Os cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém também conseguiram destruir o HIV em células infectadas, injetando nas estruturas uma dose de DNA viral. Segundo os autores, somente as células doentes morreram, um aspecto vital para o desenvolvimento de uma terapia baseada na pesquisa.

Um dos autores do estudo, o professor Abraham Loyter explica que, na infecção, o HIV se espalha pelo corpo humano depois que o DNA viral é incorporado ao genoma das células do hospedeiro. Quando isso ocorre, o HIV injeta nos genes da pessoa infectada uma quantidade pequena de DNA, suficiente apenas para replicar o vírus no organismo. O que a equipe de pesquisadores descobriu foi que, aumentando essa quantidade, as células infectadas passam por um processo chamado apoptose, que consiste na autodestruição celular.

“Para atingir esse objetivo, desenvolvemos peptídeos que podem penetrar as células infectadas e estimular a atividade da integração viral. Essa estimulação resultou no aumento do número de moléculas de DNA viral nas células infectadas. Com isso, elas entraram em um ‘estágio de pânico’ desordenado, provocando sua autodestruição”, explicou Loyter ao Correio. “Embora extremamente promissora, a pesquisa é preliminar e precisamos fazer mais testes”, lembra.

Proteína
Já na Universidade de Loyola, nos Estados Unidos, um grupo de pesquisadores procura entender o processo de destruição do HIV com base no estudo de células de macacos rhesus, cujo genoma é 93% idêntico ao dos humanos. Eles usaram um microscópio especial que custa US$ 225 mil para identificar os componentes de uma proteína chamada TRIM5a, que destrói o HIV nos primatas. Segundo Edward M. Campbell, principal autor da pesquisa, a descoberta poderá levar ao desenvolvimento de tratamentos que eliminem o vírus nos seres humanos. O artigo foi capa da edição de 15 de setembro da revista especializada Journal Virology, a mesma que publicou o estudo da Universidade de Minnesota.

De acordo com Campbell, em 2004, outros pesquisadores relataram que a TRIM5a protegia os macacos rhesus do HIV. Primeiramente, a proteína agarra-se ao vírus. Então, outras TRIM5a formam um grupo e destroem o agente. Humanos também possuem essa proteína, mas, ao contrário do que acontece com os macacos, ela protege contra outros vírus, mas não o HIV.

A ideia dos pesquisadores é transformar a TRIM5a em um agente terapêutico efetivo. “Mas, primeiro, precisamos identificar os componentes da proteína que fazem com que ela destrua viroses”, explicou Campbell ao Correio. Ele diz que a proteína consiste em aproximadamente 500 subunidades de aminoácidos, sendo que a equipe de cientistas da Universidade de Loyola conseguiu identificar seis diretamente associados à habilidade de inibir a infecção viral nas células dos primatas — Campbell destaca que não foram usados animais diretamente na pesquisa, apenas suas células.

No microscópio, os cientistas observaram como os aminoácidos identificados alteravam o comportamento da TRIM5a. Como continuação da pesquisa, Campbell diz que a esperança é descobrir um aminoácido que consiga não apenas inibir a infecção, mas matar o HIV. “Uma vez que eles sejam identificados, será possível, por engenharia genética, tornar a proteína mais efetiva em humanos. Mas um melhor entendimento do mecanismo da proteína é necessário para o desenvolvimento de drogas que imitem a ação da TRIM5a”, diz o cientista.

Para o cientista Abraham Loyter, da Universidade Hebraica de Jerusalém, é preciso ter em mente que, por enquanto, as pesquisas estão em estágios bastante iniciais. “Até agora, esses experimentos só conseguiram ‘curar’ o organismo infectado pelo HIV em pequenos potes de células cultivadas no laboratório”, admite. Mas ele afirma que são iniciativas extremamente promissoras. “Essas descobertas são passos muito excitantes no caminho da erradicação dessa devastadora pandemia global.”

1 - Fim da reprodução
A Aids é tratada com medicamentos que inibem a reprodução do HIV no sangue, mas até agora não existem remédios que conseguem matar o vírus. A terapia combinada dos medicamentos é chamada antirretroviral e, no passado, era conhecida popularmente como “coquetel”. Atualmente, de acordo com o Ministério da Saúde, existem 19 medicamentos desse tipo, divididos em quatro classes diferentes.

Paloma Oliveto
Publicação: 29/08/2010 08:45
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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Propagação de bactérias resistentes a antibióticos preocupa Reino Unido

Associated Press
LONDRES - Cientistas britânicos descobriram que uma bactéria resistente à maioria dos antibióticos advertiram na quarta-feira, 10, que o germe, comum na Índia, poderia se espalhar rapidamente pelo mundo.

O supergerme foi identificado em 37 pessoas que voltaram à Grã-Bretanha após intervenções cirúrgicas na Índia ou do Paquistão.

Em um artigo publicado nesta quarta-feira na edição online da revista The Lancet Infectious Diseases, os médicos relataram a descoberta de um novo gene denominado NDM-1. O gene altera as bactérias e as torna resistentes aos antibióticos mais conhecidos.

Foi verificada principalmente na bactéria E. coli, a causa mais comum de infecções do trato urinário, e em estruturas de DNA facilmente reproduzíveis e transferíveis a outras bactérias.

O supergerme aparentemente era comum na Índia, onde o sistema de saúde tem menos possibilidades para identificar sua presença ou possuir os antibióticos adequados para o tratamento, disseram pesquisadores.

"O NDM-1 tem um grande potencial para se tornar um problema global de saúde pública e, portanto, exige uma fiscalização coordenada internacional", escreveram os autores do artigo. O gene resistente foi detectada na Austrália, Canadá, Holanda, Suécia e Estados Unidos. Uma vez que muitos norte-americanos e europeus vão à Índia e ao Paquistão para se submeter à cirurgia plástica e outros tratamentos eletivos, é provável que a superbactéria tenha se espalhado pelo mundo, disseram os pesquisadores.

"A disseminação destas bactérias multirresistentes merece um acompanhamento muito próximo", escreveu Johann Pitout, um microbiologista da Universidade de Calgary, no Canadá, em um comentário que acompanha o trabalho.

Pitout pediu para acompanhar de perto estas bactérias, em todo em países que promovem ativamente o turismo médico. "Haverá sérias consequências se os médicos de família sejam forçados a tratar diariamente infecções causadas por bactérias multirresistentes".

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Aprovada obrigatoriedade de farmacêutico no SUS

A Comissão de Finanças e Tributação aprovou na quarta-feira (5) o Projeto de Lei 3752/08, da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que exige a presença de farmacêuticos habilitados em postos de saúde e hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os profissionais deverão atuar em farmácias, drogarias ou dispensários de medicamentos.

O relator da proposta, deputado João Dado (PDT-SP), recomendou a aprovação na forma do substitutivo adotado anteriormente pela Comissão de Seguridade Social e Família. O substitutivo altera a Lei 5.991/73, que trata do controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. Essa lei já obriga as farmácias e drogarias particulares a contar com esses profissionais em suas dependências.

Farmácias públicas e privadas - O deputado Maurício Trindade (PR-BA), que foi relator da proposta na comissão anterior, argumentou que a legislação existente não distingue as farmácias públicas das privadas, e, portanto, não deixa claro se a presença de farmacêutico também vale para o setor público.

A Lei 8.080/90, que regulamentou o SUS, também inclui a farmácia como uma das áreas de atuação no SUS, mas a maioria das unidades do sistema não têm farmacêutico.

A Comissão de Finanças analisou o projeto apenas quanto aos seus aspectos financeiros e orçamentários. Segundo João Dado, a medida é compatível com o Plano Plurianual aprovado para o período de 2008 a 2011, com a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2010 e ainda com o Orçamento deste ano.

Tramitação - O projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Leia mais: www.crfdf.org.br
Fonte: Agência Câmara de Notícias

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Agência discute nomenclatura de medicamentos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, na quinta-feira (15) de julho, no Diário Oficial da União, a Consulta Pública 72. A população tem 30 dias para enviar sugestões e críticas à proposta de resolução que estabelece os critérios de aceitabilidade dos nomes comerciais de medicamentos.

O objetivo da proposta é disciplinar a formação dos nomes comerciais dos medicamentos, com o intuito de facilitar a identificação desses produtos e evitar erros de medicação. A Lei nº 6360, de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária a que estão sujeitos diversos produtos, inclusive os medicamentos, foi usada como parâmetro.

“A lei prevê que os medicamentos não poderão ter nomes ou designações que induzam a erro. Desta forma, nomes iguais ou parecidos podem, por exemplo, dificultar o reconhecimento dos medicamentos para quem mais precisa deles – o consumidor”, diz a especialista em regulação da Anvisa Tatiana Jubé.

Leia mais : http://portal.anvisa.gov.br